A ENCHENTE



O quadro é lindo e imponente
Na calma da natureza,
A massa d’água é mais bela,
Mais suave a correnteza.

O rio enorme extravasa,
Conquistando as cercanias,
Encaminha-se às baixadas,
Desce às furnas mais sombrias.

A torrente dilatada
Estende a dominação,
Refresca e fecunda o solo
Nas zonas de plantação.

Mas, em haurir-lhe a grandeza,
Os bens, a virtude, a essência,
Precisa-se em toda parte
Muita luta e previdência.

Aterros, diques, cuidados,
Trabalhos e sacrifícios,
Todo esforço é necessário
Por colher-lhes os benefícios.

Sem isso reduz-se a enchente
Às grandes devastações,
Ameaças, lodo e vermes,
Mosquitos, flagelações.

A abundância generosa
Foi vista e considerada;
Entretanto, a imprevidência
Guarda a lama envenenada.

Reconhecendo a beleza
Deste símbolo profundo,
Podemos ver no seu quadro
Muita gente deste mundo.

O poder, a autoridade,
A fortuna, a inteligência,
São enchentes dadivosas
Da Divina Providência.

*

Mas, se o homem não vigia,
É várzea que inspira dó.
A abundância não lhe deixa
Mais que lodo, lixo e pó.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier