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A MORTE NÃO É O FIM

Ary Brasil Marques

Aqui na Terra o homem nasce, cresce, vive e morre. É um ciclo perfeito, no qual o espírito, que é imortal, volta para o plano espiritual, até que lhe seja dada nova oportunidade para iniciar outro ciclo, através da reencarnação.

Muita gente teme a morte. Muitos pensam que ela representa o fim da linha, o que não é verdade. Não é o fim da vida, mas é o fim de um ciclo.

Assim como o dia, que se inicia na madrugada, tem depois lindas manhãs e em seguida a tarde, que precede a noite, a vida terrena obedece às mesmas leis.

Isso nos faz propor a vocês uma reflexão. Cada fim de ciclo, seja de um dia ou de uma vida, merece que façamos um balanço daquilo que fizemos ou que deixamos de fazer em relação ao planeta em que vivemos e aos nossos semelhantes, companheiros de jornada.

Vamos abrir duas colunas, como na contabilidade, a coluna do débito e a coluna do crédito.
Em seguida analisemos o nosso saldo, para ver se ele é positivo ou se encontra no vermelho.
Seja qual for o saldo de nosso dia ou de nossa existência aqui na Terra, podemos tomar providências para mudar o rumo de nosso futuro.

Nossa vida não acabou. Somos espíritos imortais, criados por Deus para atingirmos a perfeição. Esse objetivo será alcançado através de nossas experiências, pelo que aprendemos em nossas quedas e com os nossos erros, e sempre é tempo de evoluir, de crescer, de aprender, de plantar aquilo que não o fizemos, de começar uma nova jornada.

Após uma noite de repouso, acordamos e constatamos que a vida pulsa lá fora. O sol brilha e aquece os corações. Os pássaros cantam. Em tudo há vida, há movimento, há energia.

Compete a cada um de nós fazer do novo dia que começa um dia maravilhoso, produtivo, feliz. Vamos sorrir. Vamos saudar os nossos irmãos de nosso caminho com alegria e com amor, pois todos, nós e eles, fazemos parte do grande concerto universal que constrói, pouco a pouco, um mundo novo.

No caso da morte acontece a mesma coisa. Ela não é o fim, é apenas o momento em que entramos em outro plano de vida, para depois, mais adiante, voltarmos ao cenário do planeta com um novo corpo e começar tudo outra vez. E traremos conosco a bagagem que construímos na vida anterior. Tudo aquilo que fizemos de bem nos enriqueceu. O que deixamos de fazer servirá de impulso e de incentivo para da próxima vez fazermos melhor.

A vida é uma escola, e nós somos os alunos. Sejamos bons alunos para passar de ano, e assim alcançar uma vida melhor e construir para nós mesmos um mundo mais feliz do que aquele que até hoje representa aquilo que fizemos dele.  Nosso futuro está em nossas mãos.

SBC, 19/06/2007.

A MISSÃO DA FAMÍLIA

Ary Brasil Marques

Deus, em sua misericórdia infinita, deu ao ser humano, na Terra, um importante meio de desenvolvimento e de apoio. É a família, base de toda a sociedade, e a célula-mater do progresso humano.

A família vem passando por grandes transformações, acompanhando o progresso da humanidade. As famílias de hoje são bastante diferentes das famílias de antigamente.

No passado, o autoritarismo predominava. Os pais davam aos filhos o lar, a alimentação, as vestimentas e a educação, mas não admitiam diálogo, questionamentos, opiniões dos filhos, que tinham que obedecer cegamente ao que lhes era imposto e eram severamente castigados quando não atendiam essas diretrizes.

Com a evolução tecnológica, as crianças deixaram de ser meros robôs, e passaram a questionar, a dar opiniões, a fazer valer os conhecimentos que obtinham nas escolas, e essa forma de agir, bem como a evolução dos pais que passaram, eles próprios, a ter mais conhecimentos e cultura, trouxe como consequência uma nova visão de família, baseada na permissividade.

Podemos dizer que a família do passado era baseada nos ensinamentos de Moisés, que nos dava ideia do que não se podia fazer, era a época da proibição. Os dez mandamentos são dez pecados proibidos. Não se pode fazer isso, não se pode fazer aquilo, tudo nos é proibido.

Com a vinda de Jesus, não se proibiu mais nada. Jesus nos trouxe ensinamentos positivos, tais como amar a Deus, amar ao nosso semelhante, fazer o bem, procurar o bem e o belo, uma série de ensinamentos altamente positivos. Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios e um dos maiores divulgadores dos ensinamentos de Jesus, dizia que tudo nos é lícito, mas temos que ver se nos convém.

A evolução da família acompanhou a mudança dos tempos, só que passou do oito ao oitenta de uma vez. Antes abusava por excesso de autoritarismo, de prepotência, de rigor excessivo. Os pais se colocavam em um pedestal e não admitiam de forma alguma que os filhos se ombreassem com eles. Usavam do castigo físico e muitas vezes do castigo moral para obrigar os seus filhos a seguirem cabisbaixos e obedientes, julgando com isso que estariam os preparando para a vida futura. Davam tudo a eles, menos diálogo, presença, carinho.

Sua postura era de acordo com o que aprendiam nas religiões, que nos apresentava um Deus austero, que punia seus filhos desobedientes com o fogo do inferno, um Deus parcial, que dava preferência a uns povos em detrimento de outros, um Deus que era semelhante ao homem pois tinha cólera, ira, e outros defeitos do ser humano.

Os pais modernos aprenderam que Deus é amor, que não há castigos, e que o homem está destinado a alcançar um dia a perfeição, mediante um processo de desenvolvimento chamado evolução, e que dá aos homens tantas oportunidades quantas forem necessárias pela reencarnação nos diversos planos de vida, pois há a pluralidade dos mundos habitados.

Aprenderam ainda que Deus não castiga e que os homens aprendem com as várias experiências da vida, e que pela lei de ação e reação vão aprendendo e melhorando na sua jornada de espírito imortal.

Acontece que passaram de uma vez da postura de proibição para a liberação total. Vale tudo. Todos são incentivados a fazer o que acham que devem. Veio com isso a libertinagem, a dissolução dos costumes.

Não é isso o que ensina Jesus. Ele nos ensina a praticar o amor, e na prática do amor temos que ter principalmente respeito, decência, equilíbrio, temos que ver que embora Deus não nos proíba nada, muitas coisas nos são inconvenientes. É necessário o respeito às leis, o respeito ao meio ambiente, o respeito ao nosso semelhante, a busca da perfeição e do que é bom para todos.

O planeta Terra tem passado por momentos difíceis, e isso é decorrente ao mau uso de nosso livre arbítrio, a devassidão, ao egoísmo, à insensibilidade dos homens em relação ao sofrimento dos seus irmãos, em suma, é fruto da dissolução da família.

Temos que fazer a família voltar a ter decência, equilíbrio, bons costumes, e para isso temos um remédio maravilhoso, perfeito, que é o Evangelho deixado por Jesus. Vamos aplica-lo em nossas vidas, vamos colocá-lo em nossos lares, vamos fazer nossa família ser um farol de luz que ajudará a humanidade a atravessar a crise presente e a aproveitar dos próprios erros para crescer e ser novamente a célula-mater de uma sociedade sadia e progressista.

SBC, 12/03/2007.

A MENTIRA

Ary Brasil Marques

Dia primeiro de abril, dia consagrado à mentira. Desde criança somos ensinados que o dia primeiro de abril é um dia de brincadeiras e de mentiras. As crianças procuram enganar seus parentes e amigos, inventando as mais absurdas histórias para isso. E dão gostosas gargalhadas quando conseguem o seu objetivo.

Essa comemoração é universal. Lembro-me do pânico generalizado que a população americana teve ao ouvir no rádio uma dramatização muito real e bem feita da invasão da Terra por parte de povos alienígenas feita por Orson Welles. Todos acreditaram e foi um verdadeiro caos no trânsito e nas comunicações de toda a América.

Outra mentira muito bem feita, também pelo rádio e isso aqui nas terras tupiniquins, aconteceu quando fizeram uma transmissão de um jogo de futebol em que a seleção brasileira foi goleada impiedosamente e trouxe uma frustração e grande decepção aos fanáticos torcedores brasileiros, que não se conformavam com o fato de nossos famosos e imbatíveis craques serem massacrados, bailados, humilhados pelos adversários que até aquele momento eram fregueses de nossa seleção.

Há que se fazer uma distinção entre mentira e brincadeira. As brincadeiras que acontecem no dia primeiro de abril fazem parte do folclore, da tradição, são momentos de alegria e de pândega. Não são prejudiciais, não trazem danos ao nosso semelhante e nem a nós mesmos.

A mentira condenável é aquela em que o ser humano distorce os fatos, inventa, é maledicente, prejudica o semelhante. De tanto mentir, o mentiroso muitas vezes acredita na própria mentira e é capaz de se lembrar, com detalhes, de episódios nunca acontecidos.

Como seres imperfeitos que somos, não há uma só criatura na Terra que não tenha mentido pelo menos uma vez na vida. É muito comum a mentira ao se atender telefonemas que não são desejados, e ouve-se constantemente pessoas afirmarem ao interlocutor: Fulano não está. E o fulano está do lado, ouvindo.

Quantas vezes mentimos a idade para entrar em um cinema ou em um teatro que tem limitações de idade para os espectadores? Em quantas oportunidades de nossa vida procuramos iludir alguém, e isso acontece muito em relação ao fisco. Sonegar impostos também é mentira.

Mentir para levar vantagens, mentir para caluniar e prejudicar o próximo, mentir por hábito e a toda hora, é um grande mal. A finalidade do homem na Terra é aprender o que é bom, evoluir, se aperfeiçoar. Vamos banir o hábito da mentira em nossas vidas, pois mentir é próprio de espíritos atrasados, imperfeitos, que muitas vezes usam da mentira para aparecer aos olhos dos outros com predicados que não têm, com diplomas que não possuem, com uma capa de honestidade que ainda não adquiriram.

Mas no dia primeiro de abril, vamos brincar, nos descontrair, vamos participar das mentirinhas inocentes das crianças.

SBC, 01/04/2007.

A MELHOR OPÇÃO

Ary Brasil Marques
O organismo humano possui vários mecanismos de defesa, os quais são acionados automaticamente, no instante mesmo que ele se vê ameaçado por agentes externos. Assim, o espirro, a tosse, a febre, o piscar rápido e milhares de pequenas reações defendem o nosso corpo, protegendo-o contra tudo o que lhe possa ser nocivo.

Da mesma maneira, o trabalho dos leucócitos e a formação de anticorpos e antígenos representa um verdadeiro exército protetor, e a moderna imunologia se utiliza das lições da natureza para a feitura de vacinas que ajudam o organismo na luta contra os vírus, micróbios e outros invasores.

As nossas reações de medo, revolta, ira, etc., são formas naturais de defesa contra os males causados pelos semelhantes e pelo meio ambiente.

Ocorre que todos esses mecanismos de defesa são utilizados em doses adequadas e nos momentos certos, cabendo ao indivíduo, pela sua vontade, evitar que essas formas de defesa venham a se tornar nocivas e prejudicar o próprio organismo.

Por funcionamento deficiente dos meios de defesa, muitas vezes o indivíduo pode ter seu sistema imunológico prejudicado, e muitas doenças hoje desafiam a ciência, como a leucemia, o câncer, a AIDS, etc.

Existem formas de defesa orgânica que atingem nosso corpo, como certas formas de eczema, a asma, a psoríase e outros, que nada mais são do que efeitos da luta do organismo contra o agente externo, muitas vezes representados pela poluição, pela agressividade do ambiente, e por diversos outros fatores.

Os cientistas buscam a cura desses efeitos, mas dificilmente conseguem atingir a causa, não conseguindo assim eliminar os problemas.

No relacionamento com nossos semelhantes, duas correntes opostas mostram maneiras diferentes de agir, ambas procurando o melhor para cada um de nós. Uma delas, alicerçando seu ponto de vista na existência de duas entidades diferentes, sendo uma o corpo físico e a outra, a verdadeira sede da vida e da inteligência, o espírito imortal, e seguindo o caminho da tolerância, paciência e amor a todos os semelhantes preconizados pelo Cristo, recomenda a aceitação de tudo aquilo que nós não podemos mudar, como sabedoria de vida e norma de conduta. Isso não quer dizer uma atitude passiva, de aceitação total, pois temos que lutar com todas as nossas forças para mudar o que pode ser mudado, sendo porém lógico que a revolta, a briga contra forças superiores ou alheias à nossa vontade, representa uma verdadeira luta contra os moinhos de vento de Dom Quixote, e inúteis por isso mesmo. Diz-se que a diferença entre um craque de futebol e o cabeça de bagre é que o primeiro só molha a sua camisa quando sabe, pela sua experiência de craque, que terá sucesso no lance, enquanto o segundo se esfalfa em loucas correrias inúteis, gastando suas energias e não conseguindo resultado.

A outra corrente, representada na atualidade por uma ala de psicólogos, preconiza a reação, a revolta, a agressividade, a liberação dos instintos, dando vasão ao funcionamento sem reservas e sem censura dos meios naturais de defesa, dando prioridade ao egoísmo, em primeiro lugar eu, depois os outros.

Tal maneira de pensar, quando não caminha para os excessos que tornam a pessoa uma ilha de ódio, rancor e irritação, chega até a ser benéfica, mesmo porque todas as coisas têm dois lados e o melhor sempre é não radicalizar nem de um lado nem de outro; o melhor ‚ achar um denominador comum de equilíbrio para que possamos agir sempre com bom senso.

Analisando com serenidade, de longe, pessoas que utilizam as duas correntes de ideias, vemos que a primeira ainda é a que dá ao indivíduo maior segurança, mais calma para vencer os obstáculos, principalmente porque a segunda mata a esperança, torna as pessoas amargas e pessimistas, e contrariamente ao que se propala, são as segundas as pessoas que mais se omitem, não passando nunca para ação e ficam sempre nas reclamações. São infelizes e não fazem questão nenhuma de agradar os outros, fechando-se em um mundo particular e conseguindo, com o tempo, afastar os outros do convívio que não têm a menor intenção de manter. Na política, por exemplo, vemos que os primeiros procuram escolher o melhor candidato e são atuantes no sentido de tentar melhorar o que reconhecem está cheio de erros, mas sem generalizar. Os segundos, ao contrário, acham que está tudo errado, que ninguém presta, e se omitem na solução dos problemas, limitando-se a esbravejar, reclamar e xingar.

Analisando-se ainda os efeitos danosos de tal procedimento no seu próprio organismo, verificamos que os mesmos se agigantam ainda mais, o que não ocorre com os primeiros, que com o uso racional da aceitação conseguem, se não eliminar os referidos efeitos, pelo menos conviver com eles em nível aceitável, mantendo-se otimistas e felizes, pois sabem que cada um colhe, ao longo do caminho, aquilo que plantou, e que culpar os outros não vai resolver problema algum, o que resolve é agir, agir positivamente, acreditar, trabalhar. No futuro, a união dessas duas correntes possibilitará a postura adequada para cada caso, sem excessos, e as pessoas darão igual importância ao que é seu e ao que‚ de seu semelhante, com a implantação incondicional da Lei do Amor, cuja lei, é claro, deve ser iniciada por nós mesmos, pois se não soubermos amar a nós próprios não saberemos amar aos outros. Agindo assim, daremos a nós os meios de vencer as dificuldades ambientais e de relacionamento, e teremos mais facilidades em utilizar os recursos naturais de defesa, melhorando com isso nossa saúde física, mental e espiritual.

SBC, 08/04/1998.

A LÍNGUA

Ary Brasil Marques
A língua é um músculo muito importante em nossa vida. Além das funções que exerce no processo de nossa alimentação, permitindo nossa sensação de prazer ao comermos alguma coisa que apreciamos, ela é o instrumento de nossa fala.

Podemos usar a língua para falar, para cantar e para gritar. Ela pode levar para as pessoas queridas uma dose muito grande de amor. Leva carinho, dá conselhos, encoraja quem está em baixo astral, orienta e ensina.

A mesma língua que usamos para fazer tanta coisa boa, é usada para agredir nossos semelhantes, provocar discussões, servir como instrumento de maledicência, de calúnia, de maldade. Há pessoas que têm uma língua ferina em seus relacionamentos com os outros.

Assim como todos os nossos órgãos, todos eles maravilhosos aparelhos que nos foram dados pelo nosso Pai Celestial, o que determina a qualidade boa ou má de cada um é o seu uso.

Aprendamos a usar de nossa língua apenas no sentido do bem, do amor ao próximo, da verbalização apenas de coisas positivas.

Evitar o uso de palavras grosseiras, de baixo calão, certamente nos tornará pessoas amáveis, educadas, apreciadas pelos demais.

Podemos colocar em nossa língua palavras construtivas, otimistas, consoladoras.

As discussões em altas vozes fazem parte do mundo das pessoas atrasadas, que utilizam dos recursos e dos atributos físicos que possuem para hostilizar e humilhar os seus semelhantes.

Com a língua podemos orar a Deus. Com ela, agradecemos e pedimos auxílio.

Que possamos exercitar nossa mente no sentido de utilizarmos sempre com sabedoria a maravilhosa oportunidade que temos de falar e de cantar, pois sabemos que muitos irmãos nossos em todo o mundo não o conseguem fazer.

SBC, 12/09/2007.

A LÁGRIMA

Ary Brasil Marques
 O corpo humano é uma máquina maravilhosa. Ele dispõe de importantes mecanismos de defesa e de nossa integração com nosso Pai Celestial e com o Universo.

Um exemplo disso é o que ocorre quando o organismo humano é ameaçado pela invasão de vírus ou de bactérias. Nosso sistema imunológico reage imediatamente, e procura meios para expulsar o intruso. A dor e a febre são alguns desses recursos para nos alertar de que algo está errado, e o homem tem encontrado a cura para muitos males em razão de ter sido avisado em tempo hábil por esses recursos utilizados pelo nosso corpo físico.

A lágrima é um dos meios utilizados por essa maravilhosa máquina humana nos momentos de aflição, de dor, de medo ou de preocupação.

A lágrima traz-nos calma, tranquilidade, esperança e é uma ponte de nossa ligação com Deus e com os nossos protetores espirituais. Depois que choramos, acontece como a bonança que vem após as tempestades. Tudo volta pouco a pouco ao normal, o silêncio substitui o barulho dos trovões e a vida retorna ao seu curso. A tempestade veio, trouxe-nos medo, fez muito barulho, alguns estragos, mas foi embora.

O mesmo ocorre com os motivos de nossas lágrimas. Eles vieram, talvez nos deixaram alguns estragos e deixaram marcas, mas foram embora. Não existem mais. Muitas vezes as lágrimas amargas de sofrimento e de dor são substituídas por lágrimas de agradecimento à bondade infinita de nosso Pai. Ele atendeu nossas lágrimas, nos protegeu e nos mostrou que nada temos a temer pois somos espíritos imortais, seus filhos queridos, destinados à perfeição.

Certa vez li uma frase que dizia que a lágrima de quem chora por estar sofrendo não é tão pura quanto a lágrima de quem chora por ver outro sofrendo.

Choremos sim, quando for preciso. Mas choremos sem revolta, com confiança absoluta de que, por mais dramático que seja o momento difícil pelo qual estamos passando, isso vai acabar e passa. Nada é definitivo na Terra.

 Só temos de nosso o que conquistamos em conhecimento e em amor, e isso vai integrar sempre a nossa bagagem, o nosso patrimônio espiritual de seres imortais destinados à perfeição.

Chorar não é algo que nos envergonhe, pois nada mais é do que a utilização dos imensos recursos que temos em nosso templo de vida, o nosso corpo físico.

SBC, 24/10/2007.

A INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PROGRESSO MORAL

Ary Brasil Marques

A humanidade progride em vários sentidos. Progride materialmente, e isso em ritmo elevado, e progride moralmente, de maneira mais lenta.
De acordo com a evolução dos homens, os conceitos vão se modificando. Aquele conceito de pecado e de castigo, que foi o conceito geralmente difundido até pouco tempo atrás, vai sendo substituído pelo conceito da bondade infinita de Deus e do progresso humano pela evolução e melhora dos espíritos encarnados na Terra.
O Espiritismo tem um papel preponderante no progresso moral das criaturas. Ele nos traz uma visão mais ampla da vida. Apresenta-nos Deus como fonte inesgotável de amor e que nos criou a todos com um maravilhoso destino já traçado: todos alcançarão um dia a perfeição. Criados simples e ignorantes, o Pai deu a cada um de nós o livre arbítrio, o que nos permite evoluir pela aprendizagem que nossos erros nos proporciona com nossa experiência nas diversas fases de nossas existências até atingirmos o conhecimento necessário para passarmos para a fase seguinte, num processo maravilhoso onde não existe o castigo. A doutrina espírita nos mostra Deus como Ele é, não aquela figura mitológica cruel e tirânica que nos foi trazido pelas religiões.
A evolução de todos se dá em duas formas. O homem evolui intelectualmente, e com isso ele conquista pela moderna tecnologia grandes vitórias no sentido de dar a todos uma melhor qualidade de vida, de conforto, de saúde, de lazer. E progride também moralmente, ampliando sua capacidade de amar, de tolerar, de ser fraterno.
Progredir intelectualmente é mais fácil. O homem já nasce com o desejo de aprender, de crescer, de dominar, de ser feliz. Isso lhe ajuda muito em seu aprendizado, e ele traz sempre ao renascer na Terra a somatória de experiências adquiridas nas suas diversas reencarnações.
Em razão de ser o homem terreno um espírito ainda atrasado, que está começando a evoluir como individualidade, o progresso moral fica dificultado pela presença marcante do egoísmo, do orgulho, da vaidade.
Jesus Cristo foi o maior de todos os mestres a nos trazer o caminho para o progresso moral, quando nos ensinou a lei maior do amor.
O Espiritismo fornece ao homem recursos para que o mesmo supere suas próprias imperfeições e caminhe com segurança na senda do progresso. Progredindo moralmente o homem pode progredir mais firmemente no campo do progresso material, pois seus atos acompanharão sempre a lógica do bom senso e do amor ao próximo.
            Com isso, nosso Planeta dará um salto gigantesco em seu progresso, e certamente as gerações do futuro verão um mundo muito melhor. 
           

SBC, 27/01/2005.

CHICO XAVIER – BIOGRAFIA

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Filho do operário João Cândido Xavier e da doméstica Maria João de Deus. Nasceu a 2 de abril de 1910, na cidade de Pedro Leopoldo.
A desencarnação de dona Maria João de Deus, deu-se a 29 de setembro de 1915, quando o Chico tinha apenas 5 anos.
Dos nove filhos (Maria Cândida, Luzia, Carmosina, José, Maria de Lourdes, Chico, Raimundo, Maria da Conceição e Geralda), seis foram entregues a padrinhos e amigos.
Chico sofreu muito em companhia de sua madrinha, que era obsidiada. Conta ele, que apanhava três vezes por dia, com vara de marmelo. O pai de Chico casou-se novamente; desta feita com Cidália Batista, de cujo casamento advieram mais seis filhos (André Luiz, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido). *
Por essa ocasião, deu-se o seu retorno à companhia do pai, dos irmãos e de sua segunda mãe dona Cidália, que tratava a todos com muito carinho.
Sua escolaridade vai até o curso primário, como se dizia antigamente. Trabalhou a partir dos oito anos de idade, de 15h às 2h, numa fábrica de tecidos.
Católico até o ano de 1927, o Padre Sebastião Scarzelli era seu orientador religioso.
Com a obsessão de uma de suas irmãs, a família teve que recorrer ao casal de espíritas, Sr. José Hermínio Perácio e dona Carmem Pena Perácio, que após algumas reuniões e o esforço da família do Chico, viu-se curada. A partir daí, foi mantido o Culto do Evangelho no Lar, até que naquele ano de 1927, o Chico, respeitosamente, despediu-se do bondoso padre, que lhe desejou amparo e proteção no novo caminho. (…)
No ano de 1927, funda em Pedro Leopoldo, junto com outras pessoas, o Centro Espírita Luiz Gonzaga.
Em 08/08/44, Chico Xavier, através do advogado Dr. Miguel Timponi, em coautoria com a FEB – Federação Espírita Brasileira, inicia contestação à ação declaratória movida pela Sra. D.ª. Catharina Vergolino de Campos, viúva do famoso escritor desencarnado Humberto de Campos, sob a fundamentação de ser necessário concluir se efetivamente a obra psicografada pelo Chico, como sendo do notável escritor patrício, Humberto, após sua desencarnação. Ao final desse longo pleito, através de críticos literários, os mais consagrados, concluiu-se ser autêntica a obra em questão (ver o assunto completo no livro “A Psicografia ante os Tribunais, de autoria do advogado Dr. Miguel Timponi – Ed. FEB).
Dos quatro empregos que teve, por 32 anos trabalhou na Escola Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo e Uberaba, nesta última cidade, a partir de 1959, quando para lá se transferiu.
Chico sempre se sustentou com seu modesto salário, não onerando a ninguém.
Aposentou-se como datilógrafo subordinado ao Ministério da Agricultura. Jamais se locupletou como médium. Ganhava, dos mais simples aos mais valorizados presentes (canetas, fazendas, carros), mas, de tudo se desfazia educadamente.
Dos quatrocentos e doze livros psicografados, os quais pela lei dos homens lhe pertenciam os direitos autorais, de todos se desfez doando-os a federativas espíritas e a instituições assistenciais beneficentes, num verdadeiro exemplo vivo de cidadania e amor ao próximo.
| A Polivalência de sua Obra Literária |
É bastante diversificada a obra literária do Chico, senão vejamos: o primeiro livro publicado foi “Parnaso de Além Túmulo”, escrito por 56 poetas desencarnados, compreendendo brasileiros e portugueses. Foi recebido no período de 1931 a 1932. Na época, sua idade era de apenas 21 anos. Com esta obra, Chico começa por onde a imensa maioria dos medianeiros psicógrafos principia.
Detém em sua produção Prosa e Verso, que nós, na mera condição de leitor, classificamo-la como sendo:
Reveladora: Com a publicação da obra Nosso Lar, o espírito André Luiz inicia primorosa coleção em que se ressalta, dentre tantas informações, o caráter revelador da obra, onde se tem registrado o cotidiano, o dia a dia da vida extrafísica.
Identificadora: Assim chamamos a literatura poética, como no caso do “Parnaso”. Se “estilo é maneira de exprimir os pensamentos, falando ou escrevendo” (Aurélio), no Parnaso figuram quase 6 dezenas de poetas da Língua Portuguesa, dentre os mais consagrados. Aí, a comparação entre o poeta, quando na vida física e quando retorna ao plano espiritual, torna-se inevitável.
Mensagem: Chamamos livros de mensagens, aqueles compostos por mensagens avulsas, de temas variados, de espíritos diversos. (Ex.: Mãos Unidas, Respostas da Vida, etc.).
Romanesca: Destacamos, neste gênero, os cinco romances de Emmanuel (mentor do médium): “Há Dois Mil Anos” (abrange o período histórico de 31 a 79 D.C), “Cinquenta Anos Depois” (ano 131 – D.C), “Ave Cristo” (abrange o período 217 a 258 D.C), “Paulo e Estevão” (depois da morte de Jesus até aproximadamente anos 70 D.C) e “Renúncia” (cobrindo a segunda metade do século XVII, iniciado em 1662 – reinado de Luiz XIV de França). “Há Dois Mil Anos” foi escrito no curto espaço de 24/10/38 a 09/02/39, em intervalos das atividades profissionais do Chico.
Chamamos a atenção para a chamada Cronologia Romana reconhecida por experts como autêntica. A obra suscitou o aparecimento do livro Vocabulário Histórico-Geográfico, de Roberto Macedo, versando sobre o vocabulário existente nos cinco romances supra citados.
Histórico-Geográfico: A exemplo dos livros “A Caminho da Luz” e romances de Emmanuel (já citados), “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” de Humberto de Campos.
Conto: merecem destaque “Jesus no Lar”, de Néio Lúcio, “Almas em Desfile” e “A vida Escreve”, de parceria com o médium Waldo Vieira, de autoria espiritual de Hilário Silva e “Contos e Apólogos”, “Reportagens de Além Túmulo”, “Contos Desta e Doutra Vida”, autoria espiritual de Humberto de Campos, além de outros.
Reportagem: Encontramos o trabalho de Humberto de Campos, que com vigor e talento, do plano da imortalidade envia-nos reportagens notáveis como a que realiza com o apóstolo Pedro, no livro “Crônicas de Além-Túmulo”, ou com Napoleão, no livro “Cartas e Crônicas” ou ainda quando entrevista a famosa atriz Marilyn Monroe, no livro “Estante da Vida”.
LITERATURA INFANTIL
Através de autores como Néio Lúcio, Casimiro Cunha e outros.
LITERATURA JOVEM
Livros de espíritos que ainda jovens retornaram ao plano espiritual, como a obra de Jair Presente, de Augusto César e outros, cuja característica principal são, as gírias praticadas pelos jovens, notadamente no período em que surgiram.
LITERATURA UNIVERSITÁRIA
De nosso conhecimento, coube à Professora Ângela Maria de Oliveira Lignani inserir a obra literária do Chico nos meandros universitários. A professora em questão logrou aprovação no Curso de Mestrado da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Teoria da Literatura. Dissertação com 200 páginas, cujo título é “Psicografia e inscrições discursivas: a escrita de Chico Xavier”.
LITERATURA HUMORÍSTICA
Lulu Parola, Cornélio Pires e outros trazem aos leitores rica obra com esta característica.
LITERATURA CIENTÍFICA
Por se compor de Ciência, Filosofia e Religião, invariavelmente, qualquer obra dita espírita mostra esta tendência, mas, especificamente podemos citar as de André Luiz como “Evolução em Dois Mundos”e “Mecanismos da Mediunidade”.
LITERATURA EVANGÉLICA
O Evangelho é tema de vasta obra psicografada pelo Chico, especialmente de Emmanuel: “Caminho, Verdade e Vida”, “Pão Nosso”, “Vinha de Luz”, “Fonte Viva”, “Livro da Esperança”, “Palavras de Vida Eterna”, “Segue-me” e “Bênção de Paz”.
| Ressonância de sua Obra |
NO CINEMA
Da mensagem publicada no livro “Somos Seis” resultou o filme Edifício Joelma.
NO TEATRO
Várias compilações de obras diversas resultaram na peça teatral “Além da Vida”, apresentada por atores e atrizes profissionais.
NA TELEVISÃO
Tanto na extinta Rede Tupi (associada) quanto na Rede Globo, adaptou-se como novela o livro “Nosso Lar”, sob o título de “A grande viagem”, com amplo sucesso.
NO RÁDIO
Apresentação do chamado rádio teatro, como o romance “Há Dois mil Anos”, teatralizado na Rádio Mundial. Programas radiofônicos veiculando páginas espíritas. Nos mais diversos ambientes, deparamos afixadas páginas psicografadas pelo Chico, porém, nem sempre de origem identificada.
NO JUDICIÁRIO
Conforme se vê no livro “Lealdade”, organizado pelo laborioso tarefeiro espírita, Hércio Marcos, do IDE – Instituto de Difusão Espírita – Araras/SP, relatando que, com base em mensagem psicografada pelo Chico, o MM. Juiz da causa absolveu o réu no douto judiciário do estado de Goiás.
NA MÚSICA
Já nos idos de 1970, o astro da canção brasileira, Roberto Carlos, revelava no Programa Flávio Cavalcanti, a influência das obras do Chico nas letras das músicas que compõe. São inúmeras as letras psicografadas pelo Chico que foram e são musicadas, daí resultando belas canções, tais como: “Alma Gêmea” e “Companheiro”, letras de Emmanuel. “A Prece”, letra de João de Deus, “Diretrizes”adaptado do trecho de Bezerra de Menezes. Fábio Júnior, Vanusa e Moacir Franco, sempre demonstraram grande carinho pelo Chico, inclusive, homenageando-o através de músicas de suas autorias. Inúmeros LP’s (hoje em desuso) e incontáveis CD’s enriquecem a fonografia patrícia, oriunda da obra do Chico.
NA PINTURA
Através do chamado processo ideoplástico a exuberante mediunidade do Chico tem proporcionado o surgimento de quadros maravilhosos, como o do Senador romano Publius Lentulus e o retrato de Maria (vide Anuário Espírita 1986).
ABRANGENDO IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS
A monumental obra psicografada pelo Chico já teve livros traduzidos para o esperanto, o francês, o inglês, o espanhol, o japonês, o tcheco e o polonês.
NA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Pelo fato de o Chico, invariavelmente, registrar em cartório a doação dos direitos autorais a que teria direito em favor de instituições beneficentes, que pela lei do homem lhe caberia sobre 412 obras, tal procedimento possibilita grande fonte de recursos a essas instituições mesmo depois de sua morte. E já são mais de 30 milhões de exemplares editados.
CHICO SELA COMPROMISSO COM O ESPÍRITO EMMANUEL
A data do início do mandato mediúnico do Chico é considerada 8 de julho de 1927, mas o reencontro com seu guia espiritual Emmanuel, deu-se nos fins de julho de 1931 (ver interessante diálogo que se estabeleceu entre os dois, conforme relata o livro “Chico Xavier Mandato de Amor”, UEM, p. 30-31).
QUEM ERA EMMANUEL
Senador romano na época do Cristo, conhecido por Publius Lentulus. De lá para cá do nosso conhecimento, surge nas figuras do escravo Nestório, do Padre Manoel de Nóbrega (fundador de São Paulo) e do Padre Damiano, reencarnado na Espanha. O relacionamento entre os dois, “se perde na poeira dos sóis”, segundo informação que o Chico nos prestava, por informação do mentor espiritual.
JESUS – KARDEC – EMMANUEL
Como é sabido, a interação Jesus-Kardec-Emmanuel é absolutamente harmônica. E desde aquele longínquo 31 de julho de 1931, Emmanuel já determinava: ” – se algum dia eu conflitar com Jesus e Kardec, me abandone Chico”. Nesse clima de absoluta interação é que para comemorar centenários respectivos, da obra que compõe o “Pentateuco Luz”, no dizer de Nenê Aluotto, temos:
– em 1959, surge o livro “Religião dos Espíritos”, em comemoração ao centenário do “Livro dos Espíritos”;
– em 1960, o livro “Seara dos Médiuns”, em comemoração ao centenário do “Livro dos Médiuns”;
– em 1961, o livro “Justiça Divina”, em comemoração ao centenário do livro “Céu e Inferno”;
– em 1964, o “Livro da Esperança”, em comemoração ao centenário do “Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Todos esses livros de autoria de Emmanuel. O Chico recebeu além desses, de espíritos diversos, o livro “O Espírito da Verdade”, ainda comemorativo ao centenário do “Evangelho Segundo o Espiritismo”.
CHICO FALA DE SUA PRÁTICA MEDIÚNICA
No livro “Parnaso de Além Túmulo”, Ed. FEB – 1972 – Comemorativa do 40.º aniversário de lançamento, pág. 33, Chico diz a respeito: “A sensação que sempre senti, ao escrevê-las (referindo-se a poesias recebidas mediunicamente), era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial, onde eu as lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço, ao psicografá-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis. Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos, as menores impressões físicas. É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno que se produz frequentemente comigo.”
MÉDIUM COMPLETO
Poder-se-á dizer que Chico foi um médium completo, tanto do ponto de vista moral quanto da técnica mediúnica. O saudoso professor Herculano Pires o chamava de “homem-psi”. Elias Barbosa diz que dele poder-se-á dizer “do alto dos telhados”, tratar-se do maior médium psicógrafo do mundo. O culto e saudoso professor Rubens Romanelli, dizia com relação a Chico Xavier: “Trata-se de um dos maiores autodidatas que já conheci”.
CURIOSIDADES ACERCA DA PROFÍCUA PRODUÇÃO PSICOGRÁFICA DE
CHICO
De uma certa feita na bela cidade triangulina de Uberlândia, o saudoso tarefeiro espírita Zenon Vilela passou para o papel, a seguinte informação:
No ano de 1952, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: “Roteiro”, de Emmanuel, com 172 páginas e “Pai Nosso”, de Meimei, com 104 páginas.
No ano de 1963, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: “Opinião Espírita”, com 204 páginas e “Sexo e Destino”, com 360 páginas.
No dia 31 de março de 1969 (data comemorativa do falecimento de Kardec, mera lembrança nossa), Chico psicografou 2 livros, no mesmo dia: “Passos da Vida”, com 156 páginas e “Estante da Vida”, com 184 páginas.
Chico é apontado como fenômeno na aceitação do leitor. Dos dez melhores livros do século, em pesquisa realizada por órgãos da imprensa espírita, sete são da psicografia do Chico. O primeiro lugar coube ao livro “Nosso Lar”, na 48.ª edição, com mais de 1.200 milheiros de exemplares editados.
Ao longo de seus 75 anos de mandato mediúnico tornaram-se incontáveis os títulos honoríficos a que fez jus:
– dezenas de cidadanias;
– mais de uma centena de biografias;
– instituiu-se a Comenda da Paz Chico Xavier, por decreto estadual;
– Comenda Chico Xavier instituída pela Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo;
– o Mineiro do Século, por promoção da Telemar e da Rede Globo Minas, etc., etc.;
– pelos auditores independentes da Receita Federal, foram eleitas as 8 mais importantes figuras mundiais: Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Mandela, Sabin, Carlitos, Santos Dumont, Gandhi e Che Guevara.
– O Maior Brasileiro da História por promoção da Revista Época – 2006.
Por dados estatísticos fornecidos por órgãos da Imprensa Nacional, em seu velório que se iniciou no domingo, 30 de junho, até terça-feira, 2 de julho do ano de 2002, em certos momentos, a fila chegou à extensão de 4 km. E diante do esquife, a média era de 40 pessoas, a cada minuto. Era comovente a serenidade e o silêncio do povo, apesar de ter que esperar horas e horas seguidas na fila, sob o forte sol uberabense, para a despedida aos despojos físicos do médium. Foi sepultado com honras militares debaixo de uma chuva de pétalas de rosas.
Eric Fronn nos ensina que “só o amor é justificativa à presença humana”. O Chico
“triplica” essa justificativa. Muitos o cognominam: “um homem chamado amor”.
Fonte: Portal www.100anoschicoxavier.com.br
* Ver a síntese genealógica do Chico, no livro “Chico Xavier, Mandato de Amor”.
UEM, p. 284).

CONHEÇA O ESPIRITISMO

PRÁTICA ESPÍRITA


Tendo em vista que comumente surgem informações relacionando a Doutrina Espírita com as atividades de jogos de tarô, cartas, quiromancia e outras, a Federação Espírita Brasileira esclarece como se desenvolve a prática espírita:

* Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

* A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

* O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

* O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.

* A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.

* Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.

* O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social.  Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

— o —
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”
— o —
“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

Fonte: Federação Espírita Brasileira <www.febnet.org.br>


ALLAN KARDEC – BIOGRAFIA

Muito se tem escrito sobre a personalidade de Allan Kardec, existindo mesmo várias e extensas biografias sobre a sua obra missionária.

É sobejamente conhecida a sua vida anteriormente ao dia 18 de abril de 1857, quando publicou a magistral obra “O Livro dos Espíritos”, que deu início ao processo de codificação do Espiritismo.

Nesta súmula biográfica, procuraremos esboçar alguns informes sobre a sua inconfundível personalidade, alguns deles já do conhecimento geral.

O seu verdadeiro nome era Hippolyte-Léon-Denizard Rivail. “Hippolyte” em família; “Professor Rivail” na sociedade e “H-L-D Rivail” na literatura era desde os 18 anos mestre colegial de Ciências e Letras e desde os 20 anos renomado autor de livros didáticos. Suas obras espíritas foram escritas com o pseudônimo de Allan Kardec.

Destacou-se na profissão para a qual fora aprimoradamente educado na Suíça, na escola do maior pedagogo do primeiro quartel do século XIX, de fama mundial e até hoje paradigma dos mestres: João Henrique Pestalozzi. Em Paris sucedeu ao próprio mestre.

Allan Kardec contava 51 anos quando se dedicou à observação e estudo dos fenômenos espíritas, sem os entusiasmos naturais das criaturas ainda não amadurecidas e sem experiência. A sua própria reputação de homem probo e culto constituiu o obstáculo em que esbarraram certas afirmações levianas dos detratores do Espiritismo. Dois anos depois, em 1857, divulgava “O Livro dos Espíritos”. Em 1858 iniciava a publicação da famosa “Revue Spirite”. Em 1861 dava a lume “O Livro dos Médiuns”. Em 1864 aparecia “O Evangelho segundo o Espiritismo” seguido de “O Céu e o Inferno” em 1865. Finalmente, em 1868 “A Gênesis Os Milagres e as Predições”, completava o Pentateuco do Espiritismo.

Na ingente tarefa de codificação do Espiritismo, Allan Kardec contou com o valioso concurso de três meninas que se tornaram as médiuns principais no trabalho de compilação de “O Livro dos Espíritos”: Caroline Baudin, Julie Baudin e Ruth Celine Japhet. As duas primeiras foram utilizadas para a concatenação da essência dos ensinos espíritas e a última para os esclarecimentos complementares. Ultimada a obra e ratificados todos os ensinamentos ali contidos, por sugestão dos Espíritos, Allan Kardec recorreu a outros médiuns, estranhos ao primeiro grupo, dentre eles Japhet e Roustan, médiuns intuitivos; a senhora Canu, sonâmbula inconsciente; Canu, médium de incorporação; a Sra. Leclerc, médium psicógrafa; a Sra. Clement, médium psicógrafa e de incorporação; a Sra. De Pleinemaison, auditiva e inspirada; Sra. Roger, clarividente; e Srta. Aline Carlotti, médium psicógrafa e de incorporação.
Escrevendo sobre a personalidade do ínclito mestre, o emérito Dr. Silvino Canuto Abreu afirmou o seguinte: “De cultura acima do normal nos homens ilustres de sua idade e do seu tempo, impôs-se ao geral respeito desde moço. Temperamento infenso à fantasia, sem instinto poético nem romanesco, todo inclinado ao método, à ordem, à disciplina mental, praticava, na palavra escrita ou falada, a precisão, a nitidez, a simplicidade, dentro dum vernáculo perfeito, escoimado de redundâncias.”

De estatura meã, apenas 165 centímetros, e constituição delicada, embora saudável e resistente, o professor Rivail tinha o rosto sempre pálido, chupado, de zigomas salientes e pele sardenta, castigado de rugas e verrugas. Fronte vertical comprida e larga, arredondada ao alto, erguida sobre arcadas orbitárias proeminentes, com sobrancelhas abundantes e castanhas. Cabelos lisos e grisalhos, ralos por toda a parte, falhos atrás (onde alguns fios mal encobriam a larga coroa calva da madureza), repartidos na frente, da esquerda para a direita, sem topetes confundidos nos temporais, com as barbas grisalhas e aparadas que lhe desciam até o lóbulo das orelhas e cobriam, na nuca, o colarinho duro, de pontas coladas ao queixo. Olhos pequenos e afundados, com olheiras e pápulas. Nariz grande, ligeiramente acavaletado perto dos olhos, com largas narinas entre rictos arqueados e austeros. Bigodes rarefeitos, aparados à borda do lábio, quase todo branco. Pera triangular sob o beiço, disfarçando uma pinta cabeluda. Semblante severo quando estudava ou magnetizava, mas cheio de vivacidade amena e sedutora quando ensinava ou palestrava. O que nele mais impressionava era o olhar estranho e misterioso, cativante pela brandura das pupilas pardas, autoritário pela penetração a fundo na alma do interlocutor. Pousava sobre o ouvinte como suave farol e não se desviava abstrato para o vago senão quando meditava a sós. E o que mais personalidade lhe dava era a voz, clara e firme, de tonalidade agradável e oracional, que podia mesclar agradavelmente desde o murmúrio acariciante até as explosões de eloquência parlamentar. Sua gesticulação era sóbria, educada. Quando distraído, a ler ou a pensar, confiava os “favoris”. Quando ouvia uma pessoa, enfiava o polegar direito no espaço entre dois botões do colete, a fim de não aparentar impaciência e, ao contrário, convencer de sua tolerância e atenção. Conversando com discípulos ou amigos íntimos, apunha algumas vezes a destra no ombro do ouvinte, num gesto de familiaridade. Mantinha rigorosa etiqueta social diante das damas.
Pelo seu profundo e inexcedível amor ao bem e à verdade, Allan Kardec edificou para todo o sempre o maior monumento de sabedoria que a Humanidade poderia ambicionar, desvendando os grandes mistérios da vida, do destino e da dor, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo à luz meridiana dos postulados do ninfo Cristianismo.

Filho de pais católicos, Allan Kardec foi criado no Protestantismo, mas não abraçou nenhuma dessas religiões, preferindo situar-se na posição de livre pensador e homem de análise. Compungia-lhe a rigidez do dogma que o afastava das concepções religiosas. O excessivo simbolismo das teologias e ortodoxias tornava-o incompatível com os princípios da fé cega.

Situado nessa posição, em face de uma vida intelectual absorvente, foi o homem de ponderação, de caráter ilibado e de saber profundo, despertado para o exame das manifestações das chamadas mesas girantes. Há esse tempo o mundo estava voltado, em sua curiosidade, para os inúmeros fatos psíquicos que, por toda a parte, se registravam e que, pouco depois, culminaram no advento da altamente consoladora doutrina que recebeu o nome de Espiritismo, tendo como seu codificador, o educador emérito e imortal de Lyon.

O Espiritismo não era, entretanto, criação do homem e sim uma revelação divina à Humanidade para a defesa dos postulados legados pelo Meigo Rabi da Galileia, numa quadra em que o materialismo avassalador conquistava as mais pujantes inteligências e os cérebros proeminentes da Europa e das Américas.

A primeira sociedade espírita regularmente constituída foi fundada por Allan Kardec, em Paris, no dia 1º de abril de 1858. Seu nome era “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. A ela o codificador emprestou o seu valioso concurso, propugnando para que atingisse os nobilitantes objetivos para os quais fora criada.
Allan Kardec é invulnerável à increpação de haver escrito sob a influência de ideias preconcebidas ou de espírito de sistema. Homem de caráter frio e severo observava os fatos e dessas observações deduzia as leis que os regem.

A codificação da Doutrina Espírita colocou Kardec na galeria dos grandes missionários e benfeitores da Humanidade. A sua obra é um acontecimento tão extraordinário como a Revolução Francesa. Esta estabeleceu os direitos do homem dentro da sociedade, aquela instituiu os liames do homem com o universo, deu-lhe as chaves dos mistérios que assoberbavam os homens, dentre eles o problema da chamada morte, os quais até então não haviam sido equacionados pelas religiões.

A missão do ínclito mestre, como havia sido prognosticada pelo Espírito de Verdade, era de escolhos e perigos, pois ela não seria apenas de codificar, mas principalmente de abalar e transformar a Humanidade. A missão foi-lhe tão árdua que, em nota de 1o. de janeiro de 1867, Kardec referia-se as ingratidões de amigos, a ódios de inimigos, a injúrias e a calúnias de elementos fanatizados. Entretanto, ele jamais esmoreceu diante da tarefa.

Texto retirado da Federação Espírita do Estado de São Paulo