A DERRUBADA



Rangem troncos seculares
Aos golpes do lenhador.
E’ o machado formidando
No impulso renovador.

Toda a floresta se agita
Em terríveis convulsões,
Continua a derrubada
Que precede as plantações.

Sol quente. Suor. Serviço.
E as árvores vigorosas
Estraçalham com fragor
As frondes cariciosas.

Após o trabalho ingente,
A invasão do fogaréu;
Fumo espesso devorando
A doce amplidão do céu.

Gritam aves assustadas,
Sem ninho, sem paz, sem guia,
Animais inferiores
Vão fugindo em correria.

A seguir vem a coivara
Completando a grande prova,
E’ o termo da derrubada
A favor da vida nova.

Somente aí são possíveis,
Pasto verde e espiga loura,
Pomares e sementeiras,
Celeiro, casa e lavoura.

Já observastes que o homem,
Ao longo de toda a estrada,
Precisa também, por vezes,
Das foices da derrubada?

E’ a dor proveitosa e rude,
Surgindo em golpes violentos,
A força que retifica
A mata dos sentimentos.

*

Sem trabalho não teremos,
No caminho universal,
Nem casa com Jesus-Cristo
Nem pão espiritual.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier