A PROCURA DA FÉ

Enquanto dolorosos fenômenos políticos e sociais afligem os povos do mundo, a alma humana procura ansiosamente a fé.

Angustiado, desiludido, o homem do século vertiginoso, busca a solução do mistério do destino e do ser. Ele sabe que as civilizações vieram e passaram, que as guerras se sucederam às promessas de paz, que numerosos códigos surgiram e desapareceram, que as afirmações científicas e filosóficas não são as mesmas do passado próximo.

Onde a estabilidade?

Na dominação política? Não desconhece que Alexandre e Napoleão brilharam, como pirilampos, através de algumas noites.

Na cultura intelectual, pura e simplesmente? A inteligência desvirtuada fortalece os monstros bélicos.

No império dos sentidos? As emoções transitórias não resolvem o problema fundamental da vida.

Na satisfação egoística dos interesses individuais? É possível que a morte física se verifique para cada lutador terrestre em minuto inesperado.

Aflito, o transviado do País Divino recorre às religiões antigas, mas o culto externo, aparatoso e convencional, dificulta a visão da consciência.

O por isto que o Espiritismo, em sua feição de cristianismo restaurado, provoca os interesses de todos os trabalhadores do pensamento, sequiosos de libertação espiritual. Acorrem todos aos seus estudos, experiências e benefícios.

Urge compreender, todavia, que não se arrebata a luz divina, através dos aparelhos materiais, com que se observam os médiuns humanos, nem se olhe o trigo eterno da verdade, à força de interrogatórios e imposições.

A aquisição de qualquer utilidade terrestre exige pagamento ou compromisso. A obtenção da fé reclama, por sua vez, determinados valores da natureza espiritual. Buscar-lhe o valor positivo, exibindo um coração carregado de forças negativas das convenções terrestres é o mesmo que reclamar água cristalina da fonte, trazendo um cântaro cheio de vinagre e detritos.

Não vale experimentar sem entendimento, responsabilidade, sinceridade e consciência. A fé, ciosa de suas dádivas, não se interessa pelos insensatos, já de si mesmos recomendados à piedade do bem.

É por este motivo que Espiritismo sem edificação do homem interior é simples fenômeno e de fenômenos estão repletos todos os recantos da vida. O por isto que a procura da fé, sem a reforma íntima dos interessados, em Jesus Cristo, costuma representar mera aventura da vaidade humana, impermeável à revelação superior, nas densas trevas dos abismos do “eu”.

Emmanuel

Do Livro “Coletâneas do Além” pelo Espírito Emmanuel – psicografado por Francisco Cândido Xavier