O AÇUDE



Vai-se o inverno frio e longo,
Volta o tempo desejável,
O açude prossegue sempre
Na harmonia inalterável.

Espelho caricioso
Refletindo o céu de anil,
É lençol de luz e ouro,
Na tarde primaveril.

Durante o dia sem sombras,
Retrata o Sol a brilhar,
Quando a noite vem descendo
Guarda os raios de luar.

Tudo isso é um quadro lindo,
Mas não é só. A represa
É a mensagem da prudência
No apelo da Natureza.

O açude não priva as águas
De manter seus bons ofícios,
Mas sabe guardar as sobras,
Evitando os desperdícios.

No organismo inteligente
De suas disposições,
Fornece canais amigos
Em todas as direções.

E surgem forças cantando,
No pão, na luz, no agasalho.
É a vitória da alegria,
Na abundancia do trabalho.

Se a represa não guardasse
Com prudência e com carinho,
Faltaria o necessário
Nos celeiros do caminho.

Se o perdulário entendesse
O ensinamento do açude,
Jamais choraria a falta
Do sossego e da saúde.

*

Guardar o que seja justo,
Sem torturas de avareza,
É da prudência divina
No livro da Natureza.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier